Saúde: entre médicos e mercenários
Por Ricardo Mota
- O debate sobre a vinda de médicos de outros países para o Brasil acende uma luz sobre um tema que é tratado toscamente e partidariamente por alguns personagens miúdos – em intenção em gesto.
Há, sim, uma concentração de médicos nas capitais e cidades mais ricas do país.
Mas elas reproduzem o mesmo problema dos municípios mais pobres: não há médicos no serviço público – em qualquer nível.
Um ótimo exemplo é o Distrito Federal (que gasta R$ 1,2 bi em um estádio de futebol – um caso de polícia). Existem na capital da República e entorno 3,46 médicos por mil habitantes, mais do que o dobro da média europeia.
E o que acontece nas maternidades brasilienses? Mães dão à luz sem obstetra, sem pediatra e sem leito, situação que acompanhamos em Alagoas (1,12 médicos por mil habitantes), na Santa Mônica.
E o problema não é só dinheiro, como apontam alguns “especialistas” na matéria. Em Imperatriz, no Maranhão, a prefeitura oferece – há mais de 2 anos – R$ 30 mil para um pediatra disposto a trabalhar na UTI no hospital local.
Em vão.
O SUS, o modelo “universal” de Saúde Pública no Brasil, é uma embromação, levada na base do “me engana que eu gosto”. Não funciona dignamente em nenhuma unidade da Federação.
O Conselho Federal de Medicina defende que seja criada uma carreira de Estado para os médicos do SUS. Parece ser este um ótimo início para que o modelo possa um dia vir a ser levado a sério.
O Brasil investe pouco e mal numa área essencial.
Comparando o nosso gasto per capita em saúde com Argentina e Chile, por exemplo, eles nos dão um banho de respeito do poder público pelo cidadão: Brasil, US$ 477; Argentina, US$ 869; Chile, US$ 607.
Se você gosta de comparações, aqui vão outras:
- Dos gastos totais em saúde no Brasil, 54% são privados, o restante é público (menos da metade, portanto).
- Na Inglaterra, o setor público entra com 83% do total.
Pode-se indagar: é uma comparação desproporcional, pois não?
Então, sigamos.
Essa proporção na Colômbia é de 74% para o setor público e 36% para o bolso do cidadão (direto); no Uruguai, o Estado banca 68% das despesas com saúde.
Sem contar que a parcela do orçamento da União para a área – 8,7%, descontando os recursos destinados ao financiamento da dívida – é menor do que a média dos países africanos.
A ideia do governo brasileiro de trazer 6 mil médicos cubanos, eles próprios vivendo em meio a muita pobreza, pode até ajudar a distribuir melhor uma categoria profissional que tem uma demanda cada vez maior nos grandes centros urbanos. É claro, desde que eles sejam submetidos a um exame de conhecimentos, como acontece em todos os países onde a Saúde Pública é tratada com respeito.
Se há mercenários entre os médicos? Como em qualquer outra profissão, incluindo o jornalismo.
Recorrer ao juramento de Hipócrates tem sido, em regra, uma grande hipocrisia de quem fala em nome do povo e não vive as suas dores.
Como diz, com imensa sabedoria, o infectologista Celso Tavares, a Saúde Pública no Brasil só terá qualidade e respeito quando as autoridades – todas, de ponta a ponta – forem obrigadas a se tratar exclusivamente na rede estatal.
Quem é mesmo mercenário nessa história?
Postado Por: http://blog.tnh1.ne10.uol.com.br
SAÚDE PÚBLICA
Produção mundial de antibióticos está paralisada e ameaça a saúde
A indústria reduziu lançamentos e as superbactérias proliferam. Especialistas alertam sobre impacto desse descompasso no tratamento de infecções
Duas velocidades incompatíveis ameaçam o tratamento mundial de doenças causadas por bactérias.
Ao mesmo tempo em que a indústria farmacêutica do planeta reduziu a produção de novos antibióticos, os casos de bactérias multirresistentes aos remédios disponíveis estão em plena aceleração.
Saiba como uma bactéria é transformada em superpoderosa
Os números já alarmaram a Organização Mundial de Saúde (OMS) que, em relatório divulgado no ano passado, informou: oito das 15 farmacêuticas produtoras de antibióticos perderam o interesse em atuar na elaboração de fármacos mais potentes. Os dados, publicados em artigo na revista The Economist, contabilizam o prejuízo. “Entre 1983 e 1992, as agências reguladoras de novos medicamentos aprovaram 30 drogas do tipo. Desde 2003, no entanto, apenas sete antibióticos chegaram ao mercado”.
Leia mais: OMS diz que mundo está perdendo a batalha para as bactérias
Enquanto isso, as autoridades sanitárias, incluindo a do Brasil, registram o aparecimento veloz de bactérias causadoras de pneumonias e outras doenças que simplesmente não reagem às medicações existentes, como os últimos casos registrados em unidades de terapia intensiva (UTI) de Porto Alegre (Rio Grande do Sul) .
O ideal, afirmam os especialistas, seria investir em tratamentos pioneiros para vencer os agentes bacterianos multirresistentes e que provocam mortes, características de 20, 2% das bactérias que circulam no Brasil , conforme atestou o estudo internacional chamado Sentry, feito com base em 325 amostras de bactérias do pneumococo que circulam no País.
A falta de novidades terapêuticas impede, no entanto, este tipo de investida e deixa os médicos com pouca munição para tratar as doenças bacterianas líderes em causa de internação.
Um levantamento feito pelo iG no banco de dados do Ministério da Saúde indica que são, em média, 1.300 internações diárias em hospitais públicos acumuladas só por causa da pneumonia .
Apelo
Com esta realidade clínica, um grupo de especialistas de diversas nacionalidades, entre eles a médica brasileira Rosana Richtmann, publicou um apelo na revista médica The Lancet alertando que “um dos tesouros da medicina” está ameaçado de extinção.
“Apelamos aos nossos colegas em todo o mundo para assumir a responsabilidade para a proteção desse precioso recurso [os antibióticos]. Não há mais tempo para o silêncio e a complacência”, diz o manifesto divulgado em 2011.
Dois anos se passaram desde a convocação feita pelo Lancet e o quadro crítico não foi alterado, lamenta Richtmann, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e do comitê de Imunização do Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim).
Leia: Alerta médico sobre a resistência bacteriana
“Acabo de voltar de um congresso na Europa muito preocupada e desanimada. Não tivemos nenhum lançamento de impacto no cenário dos antibióticos em 2012”, afirmou ela.
“As informações são de que não temos nada programado para 2013. Assim, ficamos de mão atadas”, completou.
A origem
Marcos Antonio Cyrillo, diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), pontua os fatores que contribuem para a letargia industrial na produção de novos antibióticos. Segundo ele, os medicamentos desta classe são usados por pouco tempo, mas exigem ao menos 10 anos de pesquisa.
Além disso, as patentes que regem a exclusividade na produção são expiradas após cinco anos, o que desestimula o investimento financeiro.
Somado a este contexto, está o mau uso dos antibióticos, tanto por parte dos médicos quanto da população.
Leia mais: Os principais erros ao tomar remédios
Prescrever medicamentos deste tipo para doenças causadas por vírus ou parar o tratamento antes do prazo acelera o processo que faz a bactéria virar multirresistente. Isso torna, em poucos anos, o antibiótico obsoleto.
“O poder público, as universidades e as sociedades médicas deveriam estabelecer programas de cooperação para pesquisa, pois temos os profissionais capacitados, tecnologia adequada e os pacientes-alvo dos estudos científicos”, acredita Cyrillo.
Sem os novos fármacos e sem a mudança de hábitos por parte da população – que além da prescrição responsável também exige medidas de higiene, como lavar as mãos – as bactérias ficarão ainda mais protegidas e os pacientes cada vez mais vulneráveis.
Novas e velhos
Enquanto novas bactérias só contam com velhos antibióticos, os médicos recorrem a alquimias, esperando efeito positivo.
“Nestes casos, utilizamos associações de antibióticos, aumentamos as doses e utilizamos princípios de farmacocinética e farmacodinâmica”, explica Cyrillo sobre os processos que buscam otimizar doses e tempo de duração.
A esperança para mudar o contexto vem do aperfeiçoamento das técnicas preventivas às doenças bacterianas, como novas vacinas que impedem a contaminação por microrganismos bacterianos, transmitidos pelo ar.
Segundo os especialistas, vem também da iniciativa das pessoas de atentarem para a importância de que lavar as mãos salva vidas e de que o tesouro da medicina chamado antibiótico precisa ser usado com cautela.
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Por que os médicos cubanos assustam
Elite corporativista teme que mudança do foco no atendimento abale o
nosso sistema mercantil de saúde
Só em 2011, médicos cubanos recuperaram a visão gratuitamente de2 milhões de pessoas em 35 países |
Essa não é a primeira investida radical do CFM e da
Associação Médica Brasileira contra a prática vitoriosa dos médicos cubanos
entre nós. Em 2005, quando o governador de Tocantins não conseguia médicos para a
maioria dos seus pequenos e afastados municípios, recorreu a um convênio com
Cuba e viu o quadro de saúde mudar rapidamente com a presença de apenas uma centena
de profissionais daquele país.
A reação das entidades médicas de Tocantins, comprometidas
com a baixa qualidade da medicina pública que favorece o atendimento privado,
foi quase de desespero. Elas só descansaram quando obtiveram uma liminar de um
juiz de primeira instância determinando em 2007 a imediata “expulsão” dos
médicos cubanos.
No Brasil, o apego às
grandes cidades
Dos 371.788 médicos brasileiros, 260.251 estão nas regiões Sul e Sudeste |
E isso não acontece por acaso. O próprio modelo de formação de profissionais de saúde, com quase 58% de escolas privadas, é voltado para um tipo de atendimento vinculado à indústria de equipamentos de alta tecnologia, aos laboratórios e às vantagens do regime híbrido, em que é possível conciliar plantões de 24 horas no sistema público com seus consultórios e clínicas particulares, alimentados pelos planos de saúde.
Mesmo com consultas e procedimentos pagos segundo a tabela
da AMB, o volume de clientes é programado
para que possam atender no mínimo dez por turnos de cinco horas. O sistema é
tão direcionado que na maioria das especialidades o segurado pode ter de esperar
mais de dois meses por uma consulta.
Além disso, dependendo da especialidade e do caráter de cada
médico, é possível auferir faturamentos paralelos em comissões pelo
direcionamento dos exames pedidos como rotinas em cada consulta.
Sem compromisso em
retribuir os cursos públicos
Há no Brasil uma grande “injustiça orçamentária”: a formação
de médicos nas faculdades públicas, que custa muito dinheiro a todos os
brasileiros, não presume nenhuma retribuição social, pelo menos enquanto não se
aprova o projeto do senador Cristóvam Buarque, que obriga os médicos
recém-formados que tiveram seus cursos custeados com recursos públicos a
exercerem a profissão, por dois anos, em municípios com menos de 30 mil
habitantes ou em comunidades carentes de regiões metropolitanas.
Cruzando informações, podemos chegar a um custo de R$
792.000,00 reais para o curso de um aluno de faculdades públicas de Medicina, sem
incluir a residência. E se considerarmos o perfil de quem consegue passar em
vestibulares que chegam a ter 185 candidatos por vaga (UNESP), vamos nos
deparar com estudantes de classe média alta, isso onde não há cotas sociais.
Um levantamento do Ministério da Educação detectou que na
medicina os estudantes que vieram de escolas particulares respondem por 88% das
matrículas nas universidades bancadas pelo Estado. Na odontologia, eles são 80%.
Em faculdades públicas ou privadas, os quase 13 mil médicos
formados anualmente no Brasil não estão nem preparados, nem motivados para
atender às populações dos grotões. E não estão por que não se habituaram à
rotina da medicina preventiva e não aprenderam como atender sem as
parafernálias tecnológicas de que se tornaram dependentes.
Concentrados no
Sudeste, Sul e grandes cidades
Números oficiais do próprio CFM indicam que 70% dos médicos
brasileiros concentram-se nas regiões Sudeste e Sul do país. E em geral
trabalham nas grandes cidades. Boa parte
da clientela dos hospitais municipais do Rio de Janeiro, por exemplo, é formada
por pacientes de municípios do interior.
Segundo pesquisa encomendada pelo Conselho, se a média nacional é de 1,95 médicos
para cada mil habitantes, no Distrito Federal esse número chega a 4,02 médicos
por mil habitantes, seguido pelos estados do Rio de Janeiro (3,57), São Paulo
(2,58) e Rio Grande do Sul (2,31). No extremo oposto, porém, estados como
Amapá, Pará e Maranhão registram menos de um médico para mil habitantes.
A pesquisa
“Demografia Médica no Brasil” revela que há uma forte tendência de o médico
fixar moradia na cidade onde fez graduação ou residência. As que abrigam
escolas médicas também concentram maior número de serviços de saúde, públicos
ou privados, o que significa mais oportunidade de trabalho. Isso explica, em
parte, a concentração de médicos em capitais com mais faculdades de medicina. A
cidade de São Paulo, por exemplo, contava, em 2011, com oito escolas médicas,
876 vagas – uma vaga para cada 12.836 habitantes – e uma taxa de 4,33 médicos
por mil habitantes na capital.
Mesmo nas áreas de concentração de profissionais, no setor
público, o paciente dispõe de quatro vezes menos médicos que no privado.
Segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar, o número de usuários de
planos de saúde hoje no Brasil é de 46.634.678 e o de postos de trabalho em
estabelecimentos privados e consultórios particulares, 354.536. Já o número de
habitantes que dependem exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS) é de
144.098.016 pessoas, e o de postos ocupados por médicos nos estabelecimentos
públicos, 281.481.
A falta de atendimento de saúde nos grotões é uma dos
fatores de migração. Muitos camponeses preferem ir morar em condições mais
precárias nas cidades, pois sabem que, bem ou mal, poderão recorrer a um
atendimento em casos de emergência.
A solução dos médicos cubanos é mais transcendental pelas características do seu atendimento, que mudam o seu foco no sentido de evitar o aparecimento da doença. Na Venezuela, os Centros de Diagnósticos Integrais espalhados nas periferias e grotões, que contam com 20 mil médicos cubanos, são responsáveis por uma melhoria radical nos seus índices de saúde.
Mesmo nas áreas de concentração de profissionais, no setor
público, o paciente dispõe de quatro vezes menos médicos que no privado.
Segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar, o número de usuários de
planos de saúde hoje no Brasil é de 46.634.678 e o de postos de trabalho em
estabelecimentos privados e consultórios particulares, 354.536. Já o número de
habitantes que dependem exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS) é de
144.098.016 pessoas, e o de postos ocupados por médicos nos estabelecimentos
públicos, 281.481.
A falta de atendimento de saúde nos grotões é uma dos
fatores de migração. Muitos camponeses preferem ir morar em condições mais
precárias nas cidades, pois sabem que, bem ou mal, poderão recorrer a um
atendimento em casos de emergência.
A solução dos médicos cubanos é mais transcendental pelas características do seu atendimento, que mudam o seu foco no sentido de evitar o aparecimento da doença. Na Venezuela, os Centros de Diagnósticos Integrais espalhados nas periferias e grotões, que contam com 20 mil médicos cubanos, são responsáveis por uma melhoria radical nos seus índices de saúde.
Cuba é reconhecida
por seus êxitos na medicina e na biotecnologia
Em sua nota
ameaçadora, o CFM afirma claramente que confiar populações periféricas aos
cuidados de médicos cubanos é submetê-las a profissionais não qualificados. E
esbanja hipocrisia na defesa dos direitos daquelas pessoas.
Não é isso que consta dos números da Organização Mundial de
Saúde. Cuba, país submetido a um
asfixiante bloqueio econômico, mostra que nesse quesito é um exemplo para o
mundo e tem resultados melhores do que os do Brasil.
Quando esteve em Cuba, em 2003, a deputada Lilian Sá foi conhecer com outros parlamentares o médico de família, uma equipe residente no próprio co |
Graças à sua medicina preventiva, a ilha do Caribe tem a
taxa de mortalidade infantil mais baixa da América e do Terceiro Mundo – 4,9
por mil (contra 60 por mil em 1959, quando do triunfo da revolução) – inferior à
do Canadá e dos Estados Unidos. Da mesma forma, a expectativa de vida dos
cubanos – 78,8 anos (contra 60 anos em 1959) – é comparável a das nações mais
desenvolvidas.
Em 2012, Cuba,
com cerca de 13 milhões de habitantes, formou em suas 25 faculdades, inclusive
uma voltada para estrangeiros, mais de 11 mil novos médicos: 5.315 cubanos e
5.694 de 69 países da América Latina, África, Ásia e inclusive dos Estados Unidos.
Com um
médico para cada 148 habitantes (78.622 no total) distribuídos por todos
os seus rincões que registram 100% de cobertura, Cuba é, segundo a
Organização
Mundial de Saúde, a nação melhor dotada do mundo neste setor.
Segundo a New England
Journal of Medicine, “o sistema de saúde cubano parece irreal. Há muitos
médicos. Todo mundo tem um médico de família. Tudo é gratuito, totalmente
gratuito. Apesar do fato de que Cuba dispõe de recursos limitados, seu sistema
de saúde resolveu problemas que o nosso [dos EUA] não conseguiu resolver ainda.
Cuba dispõe agora do dobro de médicos por habitante do que os EUA”.
O Brasil forma 13 mil médicos por ano em 200 faculdades: 116 privadas, 48 federais,
29 estaduais e 7 municipais. De 2000 a 2013, foram criadas 94 escolas médicas:
26 públicas e 68 particulares.
Formando médicos de
69 países
Estudantes estrangeiros na Escola Latino-Americana de Medicina |
Atualmente, 24
mil estudantes de 116 países da América Latina, África, Ásia, Oceania e Estados
Unidos (500 por turma) cursam uma faculdade de medicina gratuita em Cuba.
Entre a primeira
turma de 2005 e 2010, 8.594 jovens doutores saíram da Escola Latino-Americana
de Medicina. As formaturas de 2011 e 2012 foram excepcionais com cerca de oito
mil graduados. No total, cerca de 15 mil médicos se formaram na Elam em 25
especialidades distintas.
Isso se reflete
nos avanços em vários tipos de tratamento, inclusive em altos desafios, como
vacinas para câncer do pulmão, hepatite B, cura do mal de Parkinson e da dengue.
Hoje, a indústria biotecnológica cubana
tem registradas 1.200 patentes e comercializa produtos farmacêuticos e vacinas
em mais de 50 países.
Presença de médicos
cubanos no exterior
Desde 1963, com o
envio da primeira missão médica humanitária à Argélia, Cuba trabalha no
atendimento de populações pobres no planeta. Nenhuma outra nação do mundo, nem
mesmo as mais desenvolvidas, teceu semelhante rede de cooperação humanitária internacional.
Desde o seu lançamento, cerca de 132 mil médicos e outros profissionais da
saúde trabalharam voluntariamente em 102 países.
No total, os médicos cubanos trataram de 85 milhões de pessoas e salvaram 615 mil vidas. Atualmente, 31 mil colaboradores médicos oferecem seus serviços em 69 nações do Terceiro Mundo.
No âmbito da Alba (Aliança Bolivariana para os Povos da
Nossa América), Cuba e Venezuela decidiram lançar em julho de 2004 uma ampla
campanha humanitária continental com o nome de Operação Milagre, que consiste em operar gratuitamente latino-americanos
pobres, vítimas de cataratas e outras doenças oftalmológicas, que não tenham
possibilidade de pagar por uma operação que custa entre cinco e dez mil
dólares. Esta missão humanitária se disseminou por outras regiões (África e
Ásia). A Operação Milagre dispõe de
49 centros oftalmológicos em 15 países da América Central e do Caribe. Em 2011,
mais de dois milhões de pessoas de 35 países recuperaram a plena visão.
Quando se insurge contra a vinda de médicos cubanos, com
argumentos pueris, o CFM adota também uma atitude política suspeita: não quer
que se desmascare a propaganda contra o
regime de Havana, segundo a qual
o sonho de todo cubano é fugir para o exterior. Os mais de 30 mil médicos
espalhados pelo mundo permanecem fiéis aos compromissos sociais de quem teve
todo o ensino pago pelo Estado, desde a pré-escola e de que, mais do que
enriquecer, cumpre ao médico salvar vidas e prestar serviços humanitários.
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